Conectada, mas desigual: como é a economia de Israel e quais os impactos da guerra - créditos CNN
Conectada, mas desigual: como é a economia de Israel e quais os impactos da guerra
Especialistas indicam que economia, apesar de rica, é pequena; atividade é complexa e conectada ao globo, mas há desigualdade
14/10/2023 às 13:36
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Israel se autodenomina o “país startup”, com fortes investimentos em tecnologia e agricultura.
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Dados divulgados pelo Banco Mundial, em 2021, mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) do país foi de US$ 488,5 bilhões e, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Israel ocupou a 14ª posição no ranking de países pelo PIB per capita de 2022, à frente de Alemanha, Reino Unido, França e Itália.
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O economista e professor de relações internacionais da ESPM, Fábio Pereira de Andrade, diz que a economia israelense, apesar de rica, é pequena — até pelas proporções do país.
Ele classifica a economia como “relativamente complexa”. Entre 133 países listados no Atlas da Complexidade Econômica, de Harvard, Israel fica em 21º.
“Quando a gente observa a economia do país, sobretudo do ponto de vista da exportação, vemos a venda de itens de tecnologia de informação, tipicamente serviços. É uma economia relativamente complexa do ponto de vista da ligação com o comércio internacional”, indica.
A indústria de Israel, conforme dados do governo, se concentra nos produtos manufaturados com alto valor agregado, baseados principalmente em inovações tecnológicas como equipamentos eletrônicos para a área médica, agro tecnologia, telecomunicações, hardware e software, energia solar, processamento de alimentos e química fina.
Em uma região marcada pela escassez de água, a agricultura representa 2,4% do PIB e 2% das exportações do país. Conforme dados oficiais, Israel produz 93% de sua necessidade de alimentos, complementada pela importação de grãos, oleaginosas, carne, café, cacau e açúcar, que são compensados por uma ampla gama de produtos agrícolas para exportação.
“A economia de Israel é bastante diversificada e industrializada e estimula muito a inovação, a pesquisa e o desenvolvimento de novas técnicas de agricultura e abastecimento de água, o que é essencial para sobreviver em um clima desértico”, explica Vladimir Feijó, professor e analista internacional.
“O governo investe 5% do seu orçamento para pesquisa e desenvolvimento e, fora isso, a gente tem um montante igual ou superior investido pela iniciativa privada. O resultado é que Israel exporta tecnologia para o mundo”, completa.
Apesar do alto desenvolvimento, berço de empresas mundialmente conhecidas, como Waze, Moovit, Wix e ICQ, a ONG Latet, a maior organização de combate a pobreza e insegurança alimentar do país alerta que 27,7% dos israelenses estavam abaixo da linha da pobreza, um número que cresceu 14,9% desde o começo da pandemia de Covid-19.
Pereira de Andrade destaca que, apesar da renda per capita elevada (por volta de US$ 52 mil ao ano), o país é marcado por desigualdades. Enquanto os 10% mais ricos têm renda de US$ 220 mil, os 50% mais pobres têm renda de US$ 11 mil.
“Ou seja, 10% da população têm uma renda vinte vezes maior que metade da população. São dados de desigualdade muito parecidos com os dos Estados Unidos. É uma economia muito desigual”, diz.
Impacto imediato da guerra
Ainda são incertos os impactos da guerra entre Israel e Hamas para a economia do país, assim como para o restante do globo. Os efeitos vão depender da extensão do conflito, dos atores que ele vai envolver e das repostas mundo afora.
O professor da ESPM destaca, primeiramente, a tragédia humanitária no país. Aponta ainda um efeito secundário: a perda do capital humano para a dinâmica da atividade no país.
Ainda segundo o economista, o fato de a economia de Israel ser extremamente conectada com o restante do mundo pode ser um “calcanhar de Aquiles”.
“Atravessar guerras dificulta essa conexão do ponto de vista do desenvolvimento de serviços de transporte, entre outras coisas. A logística com Israel pode ser bastante afetada em virtude da declaração de guerra”, explica.
Pereira de Andrade pontua também que Israel tem reforçado laços com a China — principal origem de suas importações e segundo destino de exportações. “A depender de qual será a postura da China, pode ter efeito geopolítico sobre as compras e vendas com Israel”, completa.
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