Como a invasão russa à Ucrânia pode afetar a economia do Brasil
Países entraram em choque nas primeiras horas da madrugada (horário de Brasília), após semanas de tensão; pressão sobre preços no Brasil é principal preocupação de analistas
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Explosão é vista na capital ucraniana de Kiev na quinta-feira, 24 de fevereiro.
Crédito: Gabinete do Presidente da Ucrânia - 2 de 42
Diversas explosões foram registradas na Ucrânia após invasão de tropas russas na madrugada de quinta-feira (24).
Crédito: Ministério do Interior da Ucrânia - 3 de 42
Fumaça sai da região que abriga o Ministério da Defesa da Ucrânia em Kiev
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Engarrafamento registrado em Kiev, capital da Ucrânia
Crédito: Reprodução/Reuters - 5 de 42
Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, convoca cidadãos para luta armada e pede doações de sangue nesta quinta-feira (24).
Crédito: CNN / Reprodução - 6 de 42
Moradores de Kiev deixam a cidade após ataques de mísseis das forças armadas russas e de Belarus, em 24 de fevereiro de 2022, em Kiev, na Ucrânia.
Crédito: Getty Images - 7 de 42
Tanques em Mariupol após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenar a invasão da Ucrânia
Crédito: 24/02/2022 REUTERS/Carlos Barria - 8 de 42
Tanques entram em Mariupol após presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenar invasão da Ucrânia
Crédito: 24/02/2022 REUTERS/Carlos Barria - 9 de 42
Longa fila de carros em Kiev, tentando sair da Ucrânia, na manhã desta quinta (24).
Crédito: Reuters - 10 de 42
Espaço aéreo na Ucrânia foi completamente fechado após invasão de tropas russas no país
Crédito: CNN / Reprodução - 11 de 42
Pesssoas esperam trens em estação enquanto tentam deixar Kiev, capital da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, após a Rússia iniciar um ataque em larga escala ao país
Crédito: Getty Images - 12 de 42
Estrutura danificada por um míssil em 24 de fevereiro de 2022, em Kiev, na Ucrânia. Explosão ocorreu devido a um ataque em larga escala realizada pela Rússia
Crédito: Chris McGrath/Getty Images - 13 de 42
Civis de Donetsk e Luhansk, regiões com predominância de separatistas russos, em Donbass, estão se instalando em campos em Rostov, na Rússia, após a evacuação da região em 21 de fevereiro de 2022
Crédito: Sefa Karacan/Anadolu Agency via Getty Images - 14 de 42
Pessoas esperam ônibus em rodoviária em tentativa de deixar Kiev, a capital da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022. A Rússia iniciou um ataque à Ucrânia, e expolosões vêm sendo relatadas em diversas regiões do país
Crédito: Pierre Crom/Getty Images - 15 de 42
Caminhões do exército russo passam por um posto policial em Armyansk, no norte da Crimeia, em 24 de fevereiro de 2022, após operação militar na Ucrânia
Crédito: Sergei Malgavko/TASS via Getty Images - 16 de 42
Veículos militares deixam a cidade de Armyansk, no norte da Crimeia, após ataque russo na Ucrânia
Crédito: Sergei Malgavko/TASS via Getty Images - 17 de 42
Tanque militar ucraniano próximo da escadaria Potenkin, no centro de Odessa, na Ucrânia, após operação militar russa em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Stringer/Anadolu Agency via Getty Images - 18 de 42
Veículos militares após operação militar da Rússia, em Kramatorsk, na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, no que foi classificado como maior ataque militar entre países da Europa desde a Segunda Guerra Mundial
Crédito: Aytac Unal/Anadolu Agency via Getty Images - 19 de 42
O bispo da Eparquia Católica Ucraniana da Sagrada Família de Londres junta-se a protesto realizado por ucranianos contra a invasão russa em Downing Street, no centro de Londres, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Yui Mok/PA Images via Getty Images - 20 de 42
Protesto em Berlim na Alemanha em apoio aos ucranianos e pedindo o fim da operação militar russa no país, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Abdulhamid Hosbas/Anadolu Agency via Getty Images - 21 de 42
Pessoas fazem filas para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos com medo dos ataques russos em Odessa, Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Stringer/Anadolu Agency via Getty Images - 22 de 42
Mulher chora após entrar na Polônica, na fronteira entre o país e a Ucrânia, após bombardeio russo. Espera-se que o conflito crie uma onda de refugiados ucranianos que buscarão asilo na Polônia
Crédito: Dominika Zarzycka/NurPhoto via Getty Images - 23 de 42
Primeiros imigrantes ucranianos começam a entrar na Polônia, após ataque russo no país
Crédito: NurPhoto via Getty Images - 24 de 42
Foguetes militares cruzam o céu durante entrada de repórter da CNN na Rússia
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Pessoas formam filas nos supermercados em Kiev, Ucrânia, com medo do desabastecimento devido aos ataques russos no país, que já mataram mais de 40 soldados ucranianos
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Carros fazem fila em um posto de gasolina em Kiev, capital da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
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Metrô de Kharkiv virou abrigo improvisado, como flagrou equipe de CNN
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Manchas de sangue podem ser vistas em escadaria de um prédio residencial afetado pelo bombardeio de tropas russas em Piatykhatky, Kharkiv, nordeste da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Vyacheslav Madiyevskyy/ Ukrinform/Future Publishing via Getty Images - 29 de 42
Um foguete foi registrado dentro de um apartamento após bombardeio de tropas russas em Piatykhatky, Kharkiv, nordeste da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Future Publishing via Getty ImagVyacheslav Madiyevskyy/ Ukrinform/Future Publishing via Getty Images - 30 de 42
Bombeiros ucranianos chegam para resgatar cidadãos após ataque aéreo atingir um prédio residencial em Chuhuiv, Kharkiv Oblast, na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images - 31 de 42
Um apartamento danificiado após um ataque aéreo russo em um prédio residencial em Chuhuiv, Kharkiv Oblast, na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images - 32 de 42
Mulher foi ferida durante ataque aéreo que atingiu prédio residencial em Kharkiv, na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
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Um homem lamenta a morte de um colega após ataque aéreo de tropas russas em prédio residencial em Kharkiv, na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images - 34 de 42
Militares jogam itens em um incêndio do lado de fora de um prédio de inteligência em Kiev, capital da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Chris McGrath/Getty Images - 35 de 42
Avião militar dos EUA decola de base aérea em Ramstein, no estado alemão de Renânia-Palatinado, em 24 de fevereiro de 2022. Otan está fortalecendo suas tropas orientais.
Crédito: dpa/picture alliance via Getty Images - 36 de 42
Fumaça escura sobe de um aeroporto militar, em Chuguyev, perto de Kiev, segunda maior cidade da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
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Posto de controle na região de Kiev danificado por disparos de artilharia
Crédito: 24/02/2022 Serviço de Imprensa do Serviço de Guarda Ucraniano/Divulgação via REUTERS - 38 de 42
Bombeiros tentam apagar incêndio em prédio residencial na Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022
Crédito: Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images - 39 de 42
Manifestantes protestam em Berlim contra invsão da Ucrânia pela Rússia
Crédito: 24/02/2022REUTERS/Christian Mang - 40 de 42
Helicópteros militares russos durante voo-teste na região de Rostov
Crédito: 19/01/2022REUTERS/Sergey Pivovarov - 41 de 42
Bombeiros chegam para apagar fogo em edifício de apartamentos em Chuhuiv no leste da Ucrânia
Crédito: Justin Yau/Sipa USA via Reuters - 24.fev.22 - 42 de 42
Equipes de resgate no local de queda de avião das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kiev
Crédito: 24/02/2022Serviço de Imprensa do Serviço de Emergências da Ucrânia/Divulgação via REUTERS
O mundo começou a quinta-feira (24) em alerta vermelho com a notícia da invasão russa à Ucrânia. Os países entraram em choque nas primeiras horas da madrugada (horário de Brasília), após semanas de tensão.
A escalada da aversão ao risco foi a reação imediata dos investidores, fazendo com que as principais bolsas de valores aprofundassem suas perdas, com destaque para a bolsa de Frankfurt, que chegou a cair 5%. Isso sem contar no índice de Moscou, principal da bolsa russa, que chegou a cair 45% mais cedo.
No Brasil, onde bolsa e câmbio vinham se beneficiando do fluxo estrangeiro atraído pelas commodities e ativos considerados baratos, não foi diferente. No fim da manhã, o dólar avançava 1,83% em relação ao real, cotado a R$ 5,096. No mesmo horário, o Ibovespa caía 2,02%, aos 109.742 pontos.
Para além do impacto no mercado financeiro, um ponto de alerta para o Brasil, agora que o conflito no leste europeu se concretizou, é inflação.
O cenário de preços mais altos e atividade estagnada é prejudicial para a economia de uma forma geral, impactando desde consumidores até integrantes das cadeias produtivas no país.
Um alerta para os preços
“O principal desdobramento para o Brasil pode vir por meio das commodities”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos. ” No rali histórico dos preços, isso acarreta uma inflação maior, num ambiente em que já estamos com a corda puxada”, diz.
O preço do barril de petróleo ultrapassou US$ 100 mais cedo, o que pressiona a Petrobras a reajustar os combustíveis “muito em breve”, segundo Sanchez. O item foi um dos maiores responsáveis pela inflação acima do teto da meta no ano passado, algo que não acontecia desde a última recessão pela qual o país passou.
“As pressões sobre os [preços dos] combustíveis afetam o mundo inteiro. Piora ainda mais uma inflação que já está muito elevada”, diz o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale. “Se tem mais inflação, será necessário subir mais os juros, e juros mais altos dificultam o crescimento lá na frente.”
E a pressão pode vir de todos os lados, já que Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de commodities agrícolas, como trigo e milho, e energéticas, como petróleo.
“Esse evento traz uma pressão adicional sobre as commodities e sobre o quadro inflacionário, que já vinha sendo observado pelos investidores. A grande dúvida agora é como os bancos centrais vão agir com os resultados do que vem acontecendo”, diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.
Juros no Brasil e nos EUA
Os últimos acontecimentos já colocam dúvidas, por exemplo, no tamanho da alta que o Federal Reserve (BC dos EUA) pode anunciar em março, quando o mercado espera um anúncio de aperto monetário.
“A guerra efetiva deve ter impactos significativos sobre a inflação global, que já está elevada, o que colocará o Fed numa encruzilhada”, diz o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo. Isso pode significar, segundo o economista, um anúncio de alta de 0,25 ponto na taxa de juros em vez do 0,5 ponto esperado anteriormente.
Para o economista, o comportamento do Fed se tornou a “grande pergunta nesse momento”. Na avaliação dele, o cenário de conflito no Leste Europeu pode afetar a recuperação da economia dos Estados Unidos, o que pode fazer o Fed rever a intensidade da alta nos juros, justamente, porque esse movimento frearia ainda mais a economia.
“Esse já era o dilema, pelos efeitos nas bolsas, agora piorou. Depende também do grau do conflito, tamanho e tempo”, diz.
Espirito Santo explica que uma alta nos juros americanos tende a fortalecer o dólar e atrair mais investidores aos EUA, onde a recompensa sobe. Ao mesmo tempo, esse movimento incentiva uma saída da moeda do Brasil, o que deixa o real mais desvalorizado. Ao mesmo tempo, esse movimento pode ser menor devido aos juros brasileros em alta. “Mesmo que a alta nos EUA seja pequena, o diferencial é muito forte ainda prara os nossos juros, o que ajuda o real”, diz.
De qualquer forma, não tem para onde correr. “Subir juros não vai resolver preço do petróleo, ou encerrar essa guerra. O que o BC deve fazer é monitorar a situação da economia. Se isso virar uma guerra maior, algo que se expanda com resposta de países ocidentais, vai muito provavelmente causar uma desaceleração na economia mundial, e afetar a nossa economia”, diz.
Já Simão Silber, professor da FEA-USP, acha mais provável que o cenário de novas pressões inflacionárias, em especial com altas significativas nos combustíveis, exigirá uma elevação de juros pela autarquia maior que o esperado, aumentando o potencial de desaceleração da economia.
Efeitos em setores da economia
O professor da USP vê o agronegócio brasileiro como o setor do país mais beneficiado pela situação na Ucrânia, mas também um dos mais afetados.
“Enquanto há uma série de sanções contra a Rússia e o país produz muitos grãos, vai ter que comprar em outro lugar. Particularmente para os produtos da Rússia, o mais importante para nós é o milho, usado muito mais como ração animal”, diz.
O conflito já tem feito os preços futuros de commodities agrícolas, em especial trigo e milho subir e, segundo a chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, a tendência é que os produtores acompanhem a alta, seja para vender no mercado externo ou interno.
Silber afirma, porém, que o agronegócio pode ter perdas dependendo do impacto das sanções do Ocidente contra a Rússia no comércio de fertilizantes. “Os fertilizantes são o produto que a gente mais compra da Rússia, com todas as sanções, particularmente no SWIFT, um sistema de pagamento de contratos, essa importação será dificultada”, avalia. O cenário, portanto, seria de encarecimento de custos de produção, afetando as margens dos produtores.
Rachel de Sá também vê benefícios para as empresas de ligadas ao petróleo, como a Petrobras, e, em menor escala, minérios, em especial o ouro, que tradicionalmente se valoriza em períodos de crise como a atual.
Para ela, as principais perdas devem vir dos setores de varejo e indústria, já que a combinação de juros altos e uma inflação ainda maior desaquecerão a atividade econômica, e o consumo, mais que o previsto, correndo o poder de compra da população.
“É algo que acaba colocando mais nuvens sobre o crescimento no Brasil. Pode ser compensado pelo crescimento de agronegócio, mas consumo, em especial varejo e indústria, pode colocar mais incertezas”.
Dólar
Sá afirma que é natural que o primeiro impacto de uma crise como a da Ucrânia seja a alta do dólar, com os investidores fugindo para ativos mais seguros devido ao aumento de incertezas. Entretanto, ela acredita que esse movimento não reverterá a tendência de valorização do real nas últimas semanas.
“Temos todo o movimento de commodities e somos um grande exportador, então vai trazer um benefício. É improvável que, por esse motivo, o dólar volte aos patamares do segundo semestre de 2021”, diz.
O economista da Órama afirma que a alta do dólar também está ligado a um movimento de realização de lucros de investimentos antes do Carnaval, em que a bolsa de valores ficará fechada por quase três dias, e os investidores preferem fazer movimentos agora do que depois devido ao cenário de incerteza.
“O pano de fundo é favorável para o real, mas esse movimento de alta no curto prazo, que pode levar alguns dias, é natural. O nosso estudo de câmbio é que a moeda tem preço de equilíbrio de R$ 4,85, R$ 4,90, estava indo pra lá, e interrompeu pela questão que ocorreu, mas admitindo que o conflito não se estenda em tempo e extensão, deve voltar a cair”, afirma.
O pior cenário, avalia, seria uma combinação do estágio atual de conflito na Ucrânia com o período eleitoral, que juntos podem reverter a tendência de queda do dólar com uma combinação de incertezas e repercussões de posicionamentos dos candidatos. Entretanto, ele considera que é um cenário mais difícil de ocorrer.
Ruim, mas nem tanto
Apesar dos riscos que o conflito na Ucrânia representam para o Brasil, especialistas ponderam que o cenário pode ser menos preocupante do que em outros países.
“Isso por conta da alta de commodities e pelo fluxo de investidores globais saindo da Rússia e da Ásia e procurando outros mercados emergentes”, explicou. “O mercado brasileiro pode seguir tendo uma performance boa, não necessariamente subindo, mas caindo menos do que outros mercados”, disse Jenni Li.
João Beck, economista e sócio da BRA Investimentos, também disse acreditar que o país pode continuar atraindo capital estrangeiro.
“A narrativa da busca por ativos de ‘valor’, a despeito da fuga de tecnologia e empresas ainda sem lucro, também contribuiu que o Brasil recebesse um fluxo muito positivo nos últimos meses”, diz.
Beck se refere à fuga de investidores de empresas que tem previsão de lucro para um futuro mais distante — muito prejudicadas recentemente pela expectativa de alta nos juros americanos. Esse movimento acabou beneficiando o Brasil, onde as principais empresas que compõe o Ibovespa não têm essa característica.
O economista, no entanto, alertou que as oportunidades também podem ser enxergadas como altos riscos de investimento, diante de tantas incertezas que ocorrem no Brasil.
“Nunca podemos deixar de enxergar Brasil como país emergente e suscetível à aversão a risco global. E, portanto, sujeito aos mesmos efeitos deletérios do que ocorre nas potências globais. Em especial o contágio de inflação, que pode forçar o Banco Central americano ao aumento mais acentuado da taxa de juros num ambiente econômico fragilizado e endividado”, afirmou.
*Com informações de Juliana Elias, do CNN Brasil Business
Créditos CNN
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