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ECONOMIA - Ministro Paulo Guedes ataca Maílson, Pastore e Meirelles: 'não fizeram nada' - créditos UOL

 

Guedes ataca Maílson, Pastore e Meirelles: 'não fizeram nada'

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes - Reprodução/ CNN
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo GuedesImagem: Reprodução/ CNN

Fabrício de Castro

Do UOL, em Brasília

24/10/2021 13h35

O ministro da Economia, Paulo Guedes, subiu o tom contra os críticos e atacou neste domingo, de forma direta, economistas que fizeram parte de governos anteriores. Irritado com a repercussão do furo ao teto de gastos, Guedes criticou os economistas Maílson da Nóbrega, Affonso Celso Pastore e Henrique Meirelles. Segundo Guedes, os três não fizeram "nada" enquanto ocupavam cargos na administração pública.

O teto de gastos é a regra fiscal que limita a despesa pública ao Orçamento do ano anterior corrigido pela inflação. Na última quinta-feira, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios foi aprovada na Comissão Especial da Câmara, o que abriu espaço para o furo no teto de gastos em 2022, ano em que Jair Bolsonaro tentará a reeleição.

As declarações de Guedes foram feitas ao lado do próprio Bolsonaro, no fim da manhã, em Brasília. Algumas das críticas mais fortes foram direcionadas ao ex-ministro da Fazenda no governo Temer e atual secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, Henrique Meirelles.

[Meirelles] não fez a reforma da Previdência, não fez a reforma tributária. Não fez nada. Só botou o teto e saiu correndo.
Paulo Guedes, ministro da Economia

Criador do teto, Meirelles foi acusado por Guedes de promover três aumentos para o funcionalismo público, sendo que o terceiro deles já ficou sob a responsabilidade do governo de Jair Bolsonaro, em 2019. "Ele aumentou três anos seguidos o salário, calculou onde ficava o teto, para deixar de fazer esse excesso de gastos", disse Guedes.

A assessoria de imprensa de Meirelles informou que ele não iria se pronunciar sobre a fala de Guedes.

Ministro da hiperinflação

Ao lado de Bolsonaro, Guedes também atacou o economista Maílson da Nóbrega, que foi ministro da Fazenda entre 1988 e 1990. De acordo com Guedes, Maílson "levou o Brasil para 5.000% de inflação, com a política do feijão com arroz dele". "Então, ele levou o governo brasileiro ao caos, à hiperinflação", completou.

Na última sexta-feira, quando tratou do teto de gastos ao lado de Bolsonaro, em pronunciamento no Ministério da Economia, Guedes já havia demonstrado desconforto com as declarações de Maílson dadas à imprensa, nas quais ele criticava o governo e o estouro do teto de gastos.

Na ocasião, no entanto, Guedes não havia citado diretamente o nome de Maílson, apesar de ter mencionado a hiperinflação. Em 1989, a inflação no Brasil ficou próxima de 2.000%.

Atualmente, o IPCA - o índice oficial de preços - acumula alta de 10,25% nos 12 meses até setembro. Economistas e profissionais do mercado financeiro têm alertado para o risco de descontrole dos preços em função das dificuldades do governo no controle de despesas.

UOL entrou em contato com Maílson da Nóbrega, mas ele ainda não se pronunciou.

Presidente do BC da ditadura

Guedes ainda disparou contra o economista Affonso Celso Pastore, que foi presidente do Banco Central de 1983 a 1985, durante o governo do general João Figueiredo, na ditadura militar. Assim como Meirelles e Maílson, Pastore tem criticado o estouro do teto de gastos.

O Affonso Pastore, que trabalhou com o governo militar, do Figueiredo, que foi um caos, que tocou fogo no Brasil, porque fez uma política errada, ele estava no Banco Central, não fez nada, e está me criticando porque estou ajudando um presidente democraticamente eleito. Ele ajudou um governo que não foi democraticamente eleito. Tinha que ficar quieto e ter uma velhice digna.
Paulo Guedes, ministro da Economia

UOL fez contato com Pastore, mas ele não se pronunciou sobre os comentários de Guedes.

As declarações de Guedes contra outros economistas não chegam a ser uma novidade. Com carreira no mercado financeiro, Guedes se colocou como uma voz crítica a iniciativas como o Plano Cruzado, o Plano Collor e o Plano Real — lançados nas décadas de 1980 e 1990. Entre seu pares, nunca foi unanimidade.

Quebra do teto para bancar Auxílio Brasil

A PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Precatórios aprovada na quinta-feira em Comissão Especial da Câmara, com o patrocínio do governo Bolsonaro, prevê a possibilidade de o governo gastar R$ 83 bilhões a mais em 2022.

Parte destes recursos bancará o Auxílio Emergencial, o programa social que substituirá o Bolsa Família, no valor de R$ 400. O benefício será pago a 17 milhões de famílias até o fim do próximo ano, quando Bolsonaro tenta a reeleição.

Na sexta-feira, Guedes afirmou que, com a PEC dos Precatórios, o estouro do teto ficará próximo de R$ 34 bilhões em 2022. Na prática, isso significa que o governo gastará mais que o previsto, o que pressiona ainda mais a inflação.

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