Sobre as recentes declarações atribuídas a Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central ...
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SOU DE ESQUERDA E SOU FAVORÁVEL A "DAR DINHEIRO AOS RICOS", NOS TERMOS DE OUTRO "ESQUERDISTA", ARMINIO FRAGA.
Luiz Rodrigues, explica:
O Arminio Fraga tem alguns pontos importantes. Agora esse "rightsplaining" sobre "não dar dinheiro a ricos" já é quase consenso no Brasil. Infelizmente. Ele nem precisa se preocupar.
Ele chama de "dar dinheiro a rico" qualquer política industrial, porque você não faz isso sem empresas. Os EUA dão rios de dinheiro a ricos nos contratos de P&D militar que geram coisas como o touchscreen, que um rico que recebeu dinheiro vai lá e patenteia para uso civil. A Coreia do Sul dá dinheiro a rico quando financia a pesquisa a nova geração de placas de celulares e quem usa é a Samsung e a LG. O Japão dá muito dinheiro a rico nas pesquisas da Sony e da Panasonic. A Malásia dá dinheiro a rico financiando a pesquisa do Próton, o carro nacional e as indústrias de placas eletronicas de média tecnologia. Taiwan dá dinheiro a rico para desenvolvimento de novos processadores. A Rússia dá dinheiro a rico quando libera crédito barato às empresas nacionais para que não sejam compradas por estrangeiras. A Turquia tá dando dinheiro a ricos quando subsidia novos parques industriais com energia subsidiada e terreno quase de graça para realocação de empresas que vendem para Europa e Oriente Médio.
Já o Peru, tira 10 com o Arminio. Não dá dinheiro a rico. Não tem chance de ter política industrial. Não existe quase nenhum conglomerado peruano. O país está ali para ser explorado em bruto, pelas empresas que ganham subsídio pra ricos nas suas matrizes.
O canto da sereia de Arminio já conquistou a classe média medíocre brasileira, que faz umas faculdades de merda e tira férias na Flórida e acha que sabe algo de mundo (nunca se imagina de onde vem o dinheiro de Stanford, aliás não liga o seu cobiçado IPhone a Stanford dado o nível de indigência mental) e conquistou quase toda a esquerda pós moderninha, que acha que não importa de onda venha o capital, o que importa é a relação capital-trabalho. É a esquerda que acha que foi um erro aproveitar a retração dos frigoríficos estadunidenses para apoiar a JBS.
É, Arminio não tem com que se preocupar. Pode fazer o seu #rightsplaining. A mediocridade mental do país concorda com você. Você já ganhou. O projeto é nunca ser a Coreia, e ser cada vez menos parecido com Turquia e Malásia e mais com o Peru. Pra isso, o Arminio tem que lembrar que não contamos só com a turma dele, como ele acha, o subdesenvolvimento na América Latina fazemos não só como economistas, mas também com o pessoal de sociais e ciência política que vai aprender democracia no país de partido duplo que massacra o occupy e depois vem aplicar o modelo de desmonte nacional aqui. Transparência máxima, para que nada saia do panóptico da matriz.
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Texto retirado de uma rede social
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