Escassez de trabalhadores qualificados afeta metade das indústrias brasileiras
Brasília, 11 fev (Xinhua) -- Cinco de cada dez indústrias brasileiras enfrentam problemas de escassez de trabalhadores qualificados, de acordo com uma pesquisa realizada com empresas de todos os setores divulgada nesta terça-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo o estudo, a falta de trabalhadores qualificados deve piorar à medida que aumenta o ritmo de expansão da economia e pode se converter em um dos principais obstáculos para crescimento da produtividade e da competitividade do país.
Para a CNI, a solução do problema depende de ações de curto e médio prazo para capacitar a força de trabalho.
"Em termos imediatos, se necessita um esforço para qualificar e reciclar a força de trabalho. A longo prazo, é necessário intensificar os esforços para melhorar a qualidade da educação básica no Brasil, dando prioridade à educação profissionalizante", afirma o relatório.
Na indústria da transformação, o setor dos biocombustíveis é o que enfrenta mais dificuldades pela falta de mão de obra qualificada, com 70% das empresas registrando problemas relacionados à qualificação dos trabalhadores.
O problema afeta todas as áreas das empresas, mas é maior no setor da produção.
Entre as empresas que relatam a falta de trabalhadores qualificados, 96% afirmam ter dificuldades para contratar operadores, e 90% para encontrar trabalhadores de nível técnico.
"Os maiores impactos são na produtividade da empresa e na qualidade do produto. Em outras palavras, o problema afeta diretamente a competitividade da indústria brasileira", adverte o estudo.
A baixa qualificação, ressalta o levantamento, dificulta a adoção de novas tecnologias em 31% das grandes indústrias e em 13% das indústrias de menor porte.
Embora reconheçam que as empresas necessitam investir na qualificação dos trabalhadores, 88% dos empresários classificam como um problema gastar na formação dos funcionários.
Para esse grupo, o principal obstáculo, citado por 53% dos entrevistados é a má qualidade da educação básica.
O estudo ressalta que em um momento em que a indústria global atravessa a transição para a indústria 4.0, marcada pela tecnologia, a educação básica deve dar ênfase às áreas de ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática. Para a Confederação Nacional da Indústria, o ensino básico também deve estimular a interdisciplinaridade (utilização simultânea de várias áreas de conhecimento), a tomada de decisões e a resolução de problemas.
"O Brasil paga um preço alto por adotar uma escola generalista centrada na educação superior. Cerca de dois de cada 10 estudantes que completam o nível médio chegam à educação superior. O restante, incluindo os que abandonam a escola secundária por falta de perspectivas, entra no mercado de trabalho sem preparo. Sem uma profissão", destaca a CNI.
O estudo destaca a baixa inserção da educação profissionalizante no país. Enquanto o percentual de estudantes do ensino médio matriculados em cursos profissionalizantes ultrapassa 40% na Alemanha, na Dinamarca, na França e em Portugal e atinge cerca de 70% na Áustria e na Finlândia, o percentual chega a apenas 9,7% no Brasil.
A pesquisa foi realizada de 1º a 11 de outubro de 2019, com 1.946 indústrias de transformação e extrativas de todo o país. Desse total, 794 são pequenas, 687 são médias e 465 são de grande porte. Créditos XINHUA
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