Brasil demorará para recuperar grau de investimento, afirma S&P
Rio de Janeiro, 26 dez (Xinhua) -- A agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) afirmou nesta quinta-feira que, apesar de haver melhores perspectivas para a economia brasileira, o país demorará para recuperar a nota de grau de investimento.
Em uma entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo, a principal analista da S&P para o Brasil, Livia Honsel, explicou que apesar da aprovação de algumas reformas, como a da Previdência Social, o país ainda tem "fraquezas estruturais" que necessitam ser corrigidas na disputa política entre governo e Congresso.
"O crescimento ainda é baixo e temos esse passado recente de certos obstáculos políticos que, no fim, impediram a aprovação de algumas reformas", afirmou Honsel.
Em 2015, o Brasil perdeu o chamado grau de investimento das três principais agências de classificação de risco. No início deste mês a S&P elevou a perspectiva para a nota a longo prazo brasileira, de estável para positiva, embora a nota de crédito em moeda estrangeira tenha continuado em BB-, que é um grau especulativo três níveis abaixo do grau de investimento.
Segundo Honsel, a redução do déficit fiscal e o avanço do PIB nos próximos meses podem apontar para uma revisão da nota brasileira para BB, e reformas a curto prazo, como a autonomia do Banco Central, podem contribuir para este processo.
"Estamos vendo uma perspectiva melhor do perfil fiscal. Claro que as fraquezas do país quanto ao 'rating' continuam, com déficits nominais altos, uma dívida também alta, em comparação com outros países com nota parecida, e o crescimento econômico ainda é moderado", comentou Honsel.
"Ainda esperamos uma redução gradual deste déficit e levamos em consideração a redução do pagamento dos juros pelo governo, pela redução da taxa básica de juros Selic e do risco país. Se essa redução do déficit se confirmar nos próximos trimestres, poderia nos levar a revisar a classificação a um duplo B", explicou.
"Outra razão para subir a classificação seria uma aceleração do crescimento mais forte e uma dívida externa líquida mais baixa", acrescentou.
Honsel destacou que "para regressar ao grau de investimento, leva certo tempo. Temos só um ano dessa nova administração, pensamos que foram tomadas decisões positivas e aprovar a reforma da Previdência foi um passo importante. Esperamos um crescimento um pouco mais alto para 2020 até 2022, mas para voltar ao grau de investimento, o Brasil tem que corrigir as fraquezas mais estruturais, especialmente na parte fiscal".
"Esperamos a continuidade dessa agenda reformista do Congresso e do Executivo, o avanço e a aprovação de outras reformas microeconômicas e fiscais. Também temos que ver uma estabilização do nível da dívida do país e, por enquanto, ainda vemos a dívida subindo um pouco, um nível muito alto para um grau de investimento", concluiu.
Créditos XINHUA, publicado originalmente em - portuguese.xinhuanet.com/2019-12/27/c_138661502.htm
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