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Entenda os impactos da alta do dólar

 
Depois de dois anos e meio, o dólar voltou a ultrapassar a marca dos R$ 4,00 em agosto. A moeda americana variou durante os últimos meses, chegando a R$ 4,15 nos dias 3 e 10 de setembro, terceiro maior patamar registrado após o Plano Real. A cotação ficou R$ 0,09 abaixo da máxima histórica nesse período, registrada em 24 de setembro de 2015, dia em que foi acatado o pedido de impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
A explicação dos economistas para uma nova valorização do dólar não se resume a fatores internos, como o momento eleitoral vivido no Brasil e as incertezas que ele tem trazido ao mercado, sobretudo em relação ao controle fiscal. A guerra comercial entre Estados Unidos e China, que tende a diminuir o volume de negócios entre países, também influencia na cotação da moeda americana.
“Em ambientes de incertezas, investidores preferem alocar seus recursos em investimentos mais seguros. Por isso, tendem a retirar seu capital de países emergentes, como é o caso do Brasil, e investi-los em países desenvolvidos, a exemplo dos Estados Unidos”, explica o economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida.
Impactos no Brasil
Com o valor do dólar mais alto, o comércio brasileiro é afetado de forma direta e indireta. Os estabelecimentos que importam bens tendem a sofrer pressões nos custos de mercadorias como azeite, vinhos, trigo e peixes. Mais caros, esses alimentos forçam o crescimento da inflação, atualmente próxima a meta de 4,5%. “Se um produto utiliza algum insumo cotado em dólar, o seu preço tende a se elevar, onerando as compras do empresário do varejo”, declara Almeida.
É o caso dos produtos feitos à base de trigo, como biscoitos, pães industrializados e massas. Com o reajuste no preço dessa matéria-prima, de janeiro a julho, os derivados do trigo subiram de 20% e 30%. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi).
Outro produto que tende a pesar no bolso dos brasileiros é a gasolina. Só em agosto, esse combustível registrou elevação de quase 6%, reflexo da valorização do dólar e da melhoria no preço do barril de petróleo no mercado mundial. O diesel também aumentou, em média, 13% desde o último dia de agosto, quando passou a valer a autorização de reajuste concedida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
Futuro incerto
Segundo o economista da Federação, como a taxa de câmbio é bastante volátil, sendo difícil estimar expectativas para os próximos meses. Por isso, a dica é que as pessoas continuem com um planejamento vigilante, analisando melhor antes de efetuar a compra, seja de insumos ou de bens diversos.
Para quem pretende adquirir dólares para uma eventual viagem, Almeida sugere pesquisar as cotações nas diversas casas de câmbio e comprá-los de forma gradativa, a fim de minimizar o efeito da elevada volatilidade.

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