A disparada do dólar no meio da semana causou certo barulho no mercado financeiro, mas não foi nada se comparada à valorização que uma outra moeda acumula nas últimas semanas. Criado no ambiente virtual, o bitcoin chama cada vez mais atenção de investidores e analistas devido ao que vale hoje: a cotação está em R$ 2,5 mil.
Apesar de ainda não ser muito popular no Brasil, o bitcoin tem conquistado adeptos ao redor do mundo. A procura maior fez o valor da moeda crescer em um ritmo alucinante em novembro. No mercado brasileiro, a cotação trilhou trajetória semelhante e deu um salto de 585%. Antes restrito a ambientes virtuais, cresce o número de estabelecimentos físicos que aceitam bitcoins, o que ajuda ainda mais a impulsionar o seu valor.
— No Brasil, estão começando a aparecer mais lugares. Hoje, o principal uso dela no país é especulativo, para negócios — avalia Rodrigo Batista, sócio do Mercado Bitcoin, espécie de bolsa que reúne compradores e vendedores da moeda.
A prosperidade do dinheiro virtual, no entanto, ainda é vista com cautela por especialistas, já que na prática cria um sistema financeiro alternativo, longe das amarras de qualquer regulação. Denúncias que vinculam a moeda a transações ilegais e lavagem de dinheiro crescem na mesma velocidade da sua valorização.
Há dois anos, o professor de Direito da PUCRS Carlos Alberto Molinaro comprou algumas unidades para entender como funcionavam as transações. Estudioso de temas que envolvem direito e tecnologia, Molinaro investiu R$ 1,5 mil na compra de algumas moedas. Seis meses atrás, ao concluir a pesquisa, se desfez delas. Mas não recomenda o uso:
—Vejo ainda com bastante reservas. É muito utilizada para transações ilegais, negócios que tentam burlar a Receita Federal. É preciso regulamentar de alguma forma — ressalva Molinaro.
Apesar de só ganhar maior relevância econômica no último ano, a moeda já é conhecida há algum tempo pelos aficionados por tecnologia. Há pelo menos dois anos, o Fórum do Software Livre, que ocorre em Porto Alegre, aceita o bitcoin para pagamento para inscrições.
Entusiasta da ideia, Rodrigo Troian, um dos organizadores do evento, equipara a iniciativa à uma nova revolução e rebate críticas de que serviria apenas para sonegação e comércio ilegal.
— Como qualquer ferramenta pode ser utilizada para o bem e para o mal. A ideia é torná-la a primeira moeda global, aceita em todos os países — diz.
*Colaborou Ângelo Passos. Créditos ZH / Blog Capitão Fernando
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