Brasil lidera alta da produção de petróleo País será o 6º maior produtor e responderá por 1/3 do aumento da produção global até 2035, segundo estudo da AIE
O Estado de São Paulo - 13/11/13
Fernando Nakagawa
O Brasil caminha para se tornar o sexto maior produtor de petróleo no mundo. A previsão consta
do relatório anual da Agência Internacional de Energia (AIE) que dedica atenção especial ao mercado
brasileiro. Pela projeção apresentada ontem, o País deve ser responsável por um terço de todo o
aumento da produção mundial de petróleo até 2035. Para que a previsão se confirme, porém, a entidade
diz que serão necessários expressivos investimentos e desenvolvimento tecnológico.
Ao longo das próximas duas décadas, o Brasil passará a ser um protagonista do mercado de
energia. A previsão consta do relatório World Energy Outlook 2013 apresentado ontem em Londres. Para
a entidade, a produção nacional, hoje em torno de 2 milhões de barris por dia, vai triplicar e atingirá os 6
milhões em 2035. "Baseado, principalmente, na série de descobertas no mar", diz a AIE. Otimista, a
entidade afirma que o País "está prestes a se tornar um grande exportador de petróleo e importante
produtor".
Junto com o avanço no petróleo, o mercado nacional de gás também vai mudar radicalmente. "A
produção de gás vai mais que quintuplicar e será suficiente para atender toda a demanda doméstica até
2030", diz o documento.
As previsões otimistas da Agência Internacional de Energia (AIE) para o Brasil vieram com a
lembrança de que o País precisará de muito dinheiro e esforço para explorar os campos descoberto no
pré-sal. Além da necessidade de investimentos bilionários, as regras que exigem participação
compulsória da Petrobrás na exploração dos novos campos e o mínimo de conteúdo nacional são
citados como pontos de atenção pela entidade.
"O aumento na produção de petróleo e gás depende do desenvolvimento altamente complexo e
de capital intensivo em águas profundas que requerem níveis de investimento na produção além
daqueles necessários no Oriente Médio ou Rússia", diz a entidade no relatório World Energy Outlook
2013.
"Atender a demanda requer um substancial e necessário investimento no setor energético com
uma média anual de US$ 90 bilhões", prevê a entidade.
A AIE destaca que "uma grande fatia (do investimento) terá de vir da Petrobrás, cujo papel nas
regras para o desenvolvimento das áreas estratégicas coloca um peso na capacidade da empresa de
executar de forma eficiente seu enorme e variado programa de investimentos". No recente leilão dos
campos do pré-sal, a estatal era sócia obrigatória na formação de consórcios, com 40% de participação
do único grupo que disputou áreas no leilão de outubro.
Outro ponto de atenção da entidade é a regra que exige conteúdo nacional para exploração das
novas áreas. "O compromisso com bens e serviços com origem local adiciona tensão à cadeia de
fornecedores do Brasil."
Ao analisar as perspectivas de atração de investimentos, a AIE afirma que "os leilões para o
aumento da geração e capacidade de transmissão elétrica serão vitais para trazer novo capital ao setor e
reduzir a pressão nos preços aos consumidores finais". Outro item citado é o mercado de gás. "O
desenvolvimento de um mercado de gás que funcione bem, atrativo para novos entrantes, pode da
mesma maneira incentivar investimentos e aumentar a competitividade", completa o relatório.
No documento, a AIE nota que o aumento da demanda por energia no Brasil está sendo liderada
pelo aumento da classe média, o que resulta na maior demanda por combustíveis para transporte e
energia elétrica.
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