Amplamente usados em viagens internacionais, os cartões pré-pagos têm ganhado novos usos no Brasil. Fazer compras pela internet, pagar contas e depositar mesadas são algumas das possibilidades que eles oferecem.
Esses cartões nasceram na onda dos celulares pré-pagos, e funcionam de forma parecida. O cliente carrega um valor e pode adicionar novas quantidades conforme o dinheiro for acabando.
No caso das viagens internacionais, eles substituem bem o traveler check, porque podem ser carregados em diferentes moedas e proporcionam maior segurança para o turista do que se ele levar dinheiro em espécie.
O foco das empresas que atuam no setor, porém, é cada vez mais os brasileiros que vão carregar os cartões com reais.
Produto serve como substituto do papel-moeda
"Os cartões pré-pagos também podem ser usados para pagar a mesada dos filhos e depositar dinheiro da empregada doméstica, por exemplo. O potencial é enorme", diz Raul Moreira, vice-presidente da Associação de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).
Para Moreira, os pré-pagos não só promovem a inclusão financeira como substituem bem o papel-moeda. Além disso, a nova regulamentação do setor, que vai fazer com que os pré-pagos estejam sujeitos às regras do Banco Central, também vai ajudar a desenvolver o produto.
"Basicamente ele pode ser usado para tudo o que uma conta corrente serve, menos para investir e pegar empréstimo", diz Luiz Almeida, vice-presidente de marketing da ContaSuper. A empresa oferece o cartão Super, que traz a bandeira Mastercard.
O cartão Super é usado para carregar celular, pagar contas pela internet e fazer transferências para outros cartões da mesma marca ou contas de qualquer banco.
Almeida diz que o cartão também é usado por empresas que precisam pagar salários para trabalhadores eventuais ou desbancarizados. Um exemplo são os funcionários da construção civil, como pedreiros e pintores.
Outro foco dos pré-pagos são as pessoas que estão com o nome sujo na praça e, por isso, não conseguem abrir conta em banco nem obter cartões de crédito e débito tradicionais.
Compras pela internet em lojas nacionais e estrangeiras
Quem quer fazer compras pela internet também pode encontrar um caminho interessante no pré-pago.
"Ele pode ser usado até por uma criança que gosta de comprar jogos na internet, por exemplo, mas não tem cartão para usar", diz Sérgio Kulikovsky, CEO da Acesso, que possui o AcessoCard.
Com a possibilidade de controlar a quantidade de dinheiro que será depositada no cartão, o pai ou a mãe pode também controlar os gastos dos filhos nessa situação.
Um cartão semelhante é oferecido pela empresa Agillitas em parceria com a Visa.
"Muitas empresas vendem pela internet com boleto porque sabem que existem consumidores que não confiam em colocar o número do cartão de crédito do site", diz Roger Ades, CEO da Agillitas.
O pré-pago é interessante nesse caso porque o consumidor pode carregar apenas o valor suficiente para fazer a compra, evitando o risco de os dados serem usados e outras transações.
Eles também podem ser usados nas compras em sites estrangeiros, com uma vantagem adicional: ao contrário das operações feitas com cartões de crédito, que estão sujeitas a um Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de 6,38%, os pré-pagos estão sujeitos a um imposto menor, de 0,38%.
Cobrança de mensalidade e tarifa de saque
Como não estão atrelados a linhas de crédito ou programas de pontos, os pré-pagos também costumam ter um custo menor para o cliente. Mas esses custos podem pesar no bolso, dependendo do uso que o consumidor fizer do produto.
No caso do Super, o consumidor paga R$ 4,90 por mês e pode fazer quantidades ilimitadas de transações como compras virtuais e em lojas físicas, consultas e carregamentos. Caso queira transferir o dinheiro para uma outra conta ou queira fazer o saque, é preciso pagar R$ 5,90 por operação. O cartão é emitido gratuitamente.
O cartão Mundo Livre, da Agillitas, tem mensalidade de R$ 5. O cliente precisa pagar uma tarifa de recarga de R$ 3 e o custo do saque é R$ 7. O cartão também é emitido gratuitamente.
Para usar o AcessoCard, o cliente precisa pagar mensalidade de R$ 5, cobrada apenas quando o cartão tem saldo. A tarifa para carregar o cartão é de R$ 2,50 e a de saque, de R$ 5,90.
"As tarifas para saque não são baixas, o que é uma desvantagem", diz o economista Samy Dana, professor da FGV-SP. "Como algumas empresas também cobram pelo carregamento, o pré-pago não é interessante se a ideia for ficar fazendo muitos depósitos."
Outra desvantagem apontada pelo economista é que o dinheiro depositado no cartão não tem nenhum tipo de rendimento. "Se a pessoa não gastar o dinheiro, é melhor deixá-lo rendendo na poupança."
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